SAÚDE DA MULHER
Cuidados com a intimidade
Conhecer o próprio corpo e os processos fisiológicos por que ele
passa é uma medida fundamental para a promoção da saúde
feminina. A observação pode levar a diagnósticos precoces de
doenças e trazer impactos positivos na vida sexual do casal. No
entanto, médicos apontam que muitas mulheres tratam o órgão
genital como um tabu, algo que não deve ser visto, nem tocado.
Dificultando inclusive a adoção de medidas adequadas de higiene
Débora Dias
da Redação
[05
Março 15h28min 2005]
Diante dos olhos, através do toque, a intimidade feminina
é revelada. O corpo aparece como um território a ser descoberto.
Conhecimento que torna-se um importante aliado para a saúde e
prazer da mulher. No entanto, especialistas apontam que, não
raro, esse caminho é evitado. ''Ainda há um tabu das mulheres em
se conhecer. Elas já recebem isso das mães, que foram educadas
pelas avós'', observa o presidente da Sociedade Cearense de
Ginecologia e Obstetrícia, Fernando Aguiar.
Para ele, é fundamental o entendimento da fisiologia da própria
região genital e das transformações por que o organismo passa.
Algumas são mudanças naturais, como aumento da secreção vaginal
durante o período de ovulação. A região fica ainda mais úmida
como forma de facilitar a fecundação pelo espermatozóide. Já
outras alterações, como verrugas, lesões e rachaduras, podem ser
o alerta para problemas.
''Culturalmente a mulher brasileira tem medo do órgão genital
dela, que não é diferente dos outras partes do corpo, como boca,
olhos, orelhas. Não tem curiosidade de se olhar no espelho,
sentir como é a própria vagina'', reforça o ginecologista
Sérgio dos Passos Ramos.
Ele aponta que, em alguns países, esse contato com o corpo é
estimulado pelas autoridades sanitárias como forma de detecção
precoce de doenças. Enquanto no Brasil só é incentivado o
auto-exame das mamas para prevenção do câncer.
''Hoje a gente vê com mais freqüência mulheres que estão atentas
a isso. Mas, no geral, são educadas a não tocar na genitália. Um
órgão que, de acordo com essa mentalidade, não pode ser visto.
Tal cultura se reflete até na vida sexual'', destaca o
ginecologista Frederico Perboyre. Segundo ele, muitos problemas
sexuais são superados quando o casal passa a conhecer mais a
própria intimidade e a do parceiro.
O saber sobre o corpo também se reflete na adoção
de procedimentos adequados de higiene, que evitam desde
problemas mais simples, como corrimentos vaginais, até Doenças
Sexualmente Transmissíveis (DSTs). ''E higiene não se trata
apenas de limpeza, banho. É disciplina, uma área que inclui
comportamento, vestuário'', explica a chefe do Departamento de
Saúde Materna Infantil da Faculdade de Medicina da Universidade
Federal do Ceará (UFC), Sílvia Bonfim Hyppólito.
A escolha da calcinha, do tecido da roupa, do absorvente, os
hábitos no banho e nas relações sexuais são fatores interligados
à saúde feminina. ''A higiene deve ser adequada para que não
altere a fisiologia normal da mulher'', ressalta Perboyre.
Dessa forma, os exageros também são condenados. ''Muitas
consideram que precisam estar secas o tempo todo, o que não é
normal'', exemplifica ele. O ressecamento pode levar a
desconforto durante o sexo e até causar pequenas rachaduras que
podem ser fonte de infecção.
Fernando Aguiar acrescenta que lavagens contínuas e internas
também podem agredir a região genital e tirar a proteção natural
da vagina. A utilização de produtos desaconselhados, como talcos
e protetores de calcinhas, podem ser tão danosos quanto a
ausência de cuidados. ''O importante é que a pessoa nem tenha
exageros, nem descaso'', salienta. Dessa forma, a saúde íntima
agradece.
ANATOMIA DA INTIMIDADE FEMININA
- Vulva: se divide em grandes e pequenos lábios.
- Grandes lábios: parte externa, onde estão os pêlos
- Pequenos lábios: localiza-se abaixo da vulva. São mais finos e
protegem a entrada da vagina, também chamada de introito
vaginal.
- Intróito vaginal: onde fica localizado o hímem, que quando se
rompe deixa resquícios chamados de carúnculas.
- Vagina: canal que se estende da vulva ao colo do útero.
- Colo do útero: localiza-se no fim da vagina.
- Assoalho pélvico: conjunto de músculos que se localizam na
região inferior da pélvis, que sustenta todos os órgãos
pélvicos, favorece a continência do ânus e da uretra e aumenta o
prazer nas relações sexuais. Também principal grupo muscular da
região do períneo.
Fonte: Frederico Perboyre, ginecologista |
|
|
|