CANDIDÍASE
Medidas simples evitam
corrimentos
Os
corrimentos vaginais são apontados como um dos problemas mais
freqüentes entre as mulheres. Fatores múltiplos predispõe essa
alteração, principalmente o uso de roupas apertadas e tecidos
sintéticos
[05
Março 15h28min 2005]
A recomendação unânime é usar roupas que não
comprimam a região genital. As calças não precisam ser abolidas,
mas os tecidos devem ser leves, mais apropriados para a
temperatura do Estado.
Na calcinha, uma secreção atípica. A mulher sente coceira
intensa, que pode ser acompanhada de irritação na área genital e
dor durante o sexo. Os sintomas são de um problema que lidera as
queixas nos consultórios ginecológicos: os corrimentos vaginais.
De acordo com o ginecologista Edson Lucena, a candidíase, também
conhecida como monilha, é um dos problemas mais comuns que
poderia, na maior parte dos casos, ser evitado com a adoção de
medidas simples.
Há outras causas que podem predispor a mulher ao problema, como
gestação, ingestão exagerada de condimentos, diabetes e até uso
de pílulas anticoncepcionais, que alteram os níveis de acidez da
vagina. Mas são as roupas justas, de tecidos sintéticos,
apontadas como principais vilãs. A chefe do Departamento de
Saúde Materna Infantil da Faculdade de Medicina da Universidade
Federal do Ceará (UFC), Sílvia Bonfim, explica que a vagina é
úmida e tem uma flora bacteriana ácida para proteger o órgão da
contaminação por micróbios da pele ou na relação sexual.
Calças jeans ou roupas muito apertadas de tecidos como lycra
impedem a ventilação dessa área, levando à fermentação do muco
natural. Situação que favorece a instalação de fungos e
bactérias. Daí, surgem os corrimentos. ''Estamos em um clima
quente e não podemos utilizar o mesmo vestuário de climas mais
frios. A mulher pode seguir a moda, fazendo adaptações'',
defende ela.
Além da umidade, da secreção natural, a vagina
pode apresentar esperma depositado. Segundo a médica, cerca de
dois terços do sêmen ejaculado pode ficar coagulado na mulher
por até mais de 24 horas depois da relação sexual. Um mecanismo
da natureza para facilitar a gravidez.
O ginecologista Sérgio dos Passos
Ramos acrescenta que a região genital é
semelhante a das axilas. Com um agravante: ''Além do líquido do
suor, também tem urina, que por melhor que seja a higiene sempre
fica um pouco. Há uma secreção normal e também restos de fezes
do ânus. Quando se usa roupas inadequadas faz uma mistura de
culturas, que faz mal para a saúde''.
A recomendação unânime é usar roupas que não comprimam a região
genital. As calças não precisam ser abolidas, mas os tecidos
devem ser leves, mais apropriados para a temperatura do Estado.
Por mais atraente que possa parecer uma lingerie de lycra, a
melhor opção para a saúde e bem estar feminino são as calcinhas
de algodão. Elas devem ser lavadas sempre com sabão de coco ou
neutro. O uso de amaciantes e água sanitária é contra-indicado.
''Esses produtos ficam na fibra do tecido e podem levar ao
desenvolvimento de vaginites químicas'', alerta o ginecologista
Frederico Perboyre.
O presidente da Sociedade Cearense de Ginecologia e Obstetrícia,
Fernando Aguiar, alerta que corrimentos aparentemente simples
podem se agravar, levando a inflamações no útero, trompas e
ovários. Em alguns casos pode comprometer a fertilidade e até
levar a intervenções cirúrgicas. ''A principal orientação é, ao
sentir corrimento diferente do normal, procurar imediatamente um
médico e jamais fazer a auto-medicação'', orienta. (Débora Dias)
CUIDADOS COM A SAÚDE ÍNTIMA
- Use sabonete neutro ou produtos apropriados para a higiene da
região genital. Evite os sabonetes comuns e os que contém cremes
hidratantes. Esses são ótimos para a pele, mas péssimos para a
vagina. Pode-se ter dois sabonetes, um para as mucosas, outro
para o resto do corpo.
- Evite desodorantes íntimos e produtos como talcos e perfumes.
- Evite excessos, como lavagens exageradas na região genital,
que podem retirar a proteção natural da vagina.
- Use roupas leves, que não comprimam a região genital.
- Evite o uso excessivo de tecidos sintéticos e jeans.
- Dê preferência a calcinhas de algodão em relação às de tecidos
sintéticos, como a lycra.
- Lave as calcinhas com sabão de coco ou sabonete neutro. Não
use amaciante, nem água sanitária nas peças. Do contrário, é
preciso se certificar de que não restaram resíduos dos produtos
no tecido.
- Seque a roupa íntima em locais secos e arejados, de
preferência expostas ao sol. Não deixe as calcinhas secarem em
banheiros e outros locais abafados.
- Não passe muito tempo com biquinis molhados.
- A depilação deve ser feita de forma cautelosa. É preciso
observar as condições de higiene do local que oferece o serviço
e se certificar que a cera é descartável. Antes e após o
procedimento deve ser feita a limpeza da área para evitar a
contaminação por germes.
- Durante a menstruação, troque o absorvente quantas vezes for
necessário, dependendo do fluxo, e com um mínimo de três vezes.
A cada troca, fazer a higiene local.
- O uso de absorventes diários não é recomendado. Eles
impermeabilizam e impedem a transpiração da região genital,
favorecendo a instalação de fungos e bactérias.
- Absorventes internos podem ser usados desde que trocados com
regularidade.
- Evite papel higiênico colorido ou perfumado. Eles podem
agredir a mucosa.
- Jamais use duchas vaginais sem prescrição médica.
- Não use o chuveirinho do vaso sanitário para lavar a vagina
internamente. A água remove as bactérias e torna a área mais
suscetível a infecções.
- A mulher possui uma lubrificação natural. Procedimentos que
deixam a área genital ressecada podem levar a pequena rachaduras
que são fonte de infecção.
- O lubrificante íntimo pode ser uma boa alternativa para manter
a lubrificação da mulher durante a relação sexual.
- Procure sempre um médico aos primeiros sintomas atípicos e
nunca faça a auto-medicação.
- Procure um médico regularmente, de seis em seis meses a um
ano, para realizar os exames ginecológicos. Atenção: a prevenção
é o conjunto de todos os procedimentos durante a consulta,
incluindo a conversa com o ginecologista. Não apenas o exame
citológico ou das mamas.
- Para quem se sente à vontade, dormir sem calcinha é uma boa
oportunidade para a pele da região genital respirar.
Fonte: Os ginecologistas Frederico Perboyre,
Sérgio dos Passos Ramos,
Edson Lucena, Fernando Aguiar, Sílvia Bonfim |
|
|
|